terça-feira, 9 de outubro de 2012

Raio X - Boa Esporte x Paraná Clube

Próximas na tabela, as equipes iriam a campo esperando igualdade. Os mandantes esperavam um resultado positivo e assim superar o Tricolor diante de uma inexistente torcida enquanto os visitantes tinham a tarefa de voltar a Curitiba ao menos com um empate, o que lhes garantiria seguir adiante do oponente.

Alguns fatos são recorrentes no futebol, dentre eles as idiossincrasias sistemáticas dos “professores”. Ao verificar a escalação inicial de Cecílio, já vi que coisa “boa” não viria, ao menos para o Paraná. Antes de iniciar a transmissão pela Rádio Paraná Clube, ouvi de outros colegas em “abre-jogo” que a explicação dada por Cecílio para a escalação de Amarildo era a de que dois zagueiros canhotos não poderiam jogar juntos. Besteira, lenda sem fundamento científico, fato incabível no futebol profissional.

Ângelo até pode ter futuro mas, no momento, até pela inexperiência, vem se afobando e errando muito seja na frente como atrás. Se erra na frente, falta um matador, uma referência para corrigir; atrás, depende de seus pares para ter segurança e, na jornada, os mais próximos eram Amarildo e Vandinho, talvez as duas maiores insistências do atual treinador paranista. Não entendo como Paulo Henrique não é titular nem como Lisa não está sempre no banco mas, como parte da torcida não gosta desses atletas, melhor para alguns até correr riscos e quem sabe, queimar o garoto. Tenho que Paulo Henrique ajuda muito na cobertura, sempre salvando o Zagueiro Central. Nem todos concordam.

Nesse momento fiquei preocupado e indaguei Aírton Assunção (nosso comentarista da Radio Paraná Clube) se não era perigoso ter um treinador que acreditasse em lendas urbanas aplicadas ao futebol. O temor inicial acabou por se confirmar mais cedo do que esperávamos mas, como sempre, vem ocorrendo; o que é indício de que algo está errado e devem ser tomadas providências.

O árbitro trilou o apito, a partida começou e, a exemplo do que disse no último raio-X, o Paraná demonstrou ser uma equipe que segue roteiros à risca.

Enquanto os times ainda se estudavam, os mandantes levantaram a bola dentro da área paranista e os três mosqueteiros do lado direito se complicaram como prevíamos. Assim, Toninho Marvadeza (é, aquele mesmo...) cabeceou e abriu o placar aos 4 minutos.

O gol, como sempre, parece ter fervido o sangue da equipe paranista e, após melhorar, em lance onde Fernandinho pela direita, cansou de cruzar para ver se alguém faria algo, o inacreditável Amarildo empatou aos 9 minutos.

Nesse momento (como sempre, aliás) o Paraná passou a ter mais posse e deu a impressão de que resolveria a partida até na primeira etapa mas então, novamente, quando melhor em campo, o sistema defensivo Tricolor falhou e sofreu novo gol de “Marvadeza” aos 15.

Embora com mais posse e escanteios que o adversário, o Paraná seguia sem agredir, falhando ora no último passe, ora refugando as poucas oportunidades de finalizações. Com a vantagem no placar, o Boa limitava-se a explorar os contra-ataques.

No primeiro tempo, cabe ressaltar ainda que não fora marcada uma penalidade cometida por Radamés quando, dentro da área, colocou a mão na bola.

Na primeira etapa (onde ninguém ficou impedido) o Tricolor cometeu menos faltas (5) que o Boa (8); teve aparentemente mais posse de bola, superando o adversário em escanteios (9 a 4) mas perdeu em finalizações (5 a 3), o que demonstra que a equipe paranista sabe ficar com a bola mas não consegue criar oportunidades claras e finalizar com perigo.

Veio o intervalo e o Paraná parecia melhor que o oponente. Tal sentimento perdurou por quase toda a segunda etapa mas, como sempre, a areia da ampulheta paranista se esvaía e nada da equipe conseguir converter as oportunidades em gols apesar de sua frágil e aparente supremacia.

Inexplicavelmente Toninho sacou Fernandinho do time. Não que Wellington não devesse estar na equipe, aliás, acredito que o meia canhoto deve ser titular no lugar de um dos avantes que nada produzem.

Nílson (que entrou no lugar de Cambará) até que apresentou alguma vontade mas nem Arthur como seu substituto Marquinho, conseguiram algo produzir. A se destacar, a morosidade em Cecílio em promover alterações, tentar mudar o panorama da partida.

Novamente a torcida teve a impressão de que a equipe poderia reverter o placar quando bem entendesse mas, como sempre, nada ocorreu e o segundo tempo acabou como começou, mesmo tendo o Tricolor feito menos faltas (6 a 7) e finalizado mais (6 a 4). As equipes acabaram essa etapa com seis escanteios e um impedimento cada.

Novamente cabe ressaltarmos que o trio de arbitragem furtou-se a marcar penalidade cometida sobre Alex Alves. Aliás, da arbitragem, apenas pode-se destacar o par de pernas de Lilian da Silva Fernandes Bruno, afinal, a partida era fácil mas ficou difícil exatamente porque o trio, e principalmente o comandante Marielson Alves Silva, não se impôs.

Em resumo, foi um embate como muitos outros do Tricolor no ano. Uma escalação com pontos a ser questionados onde falhas ocorreram nos setores onde pairavam interrogações. Falhas defensivas precoces fizeram a equipe correr atrás do resultado e, quando consegue a igualdade, perde força, relaxa, falha e sofre outro gol, do qual não conseguiu se recuperar porque o treinador alterou errado, tardando em fazê-lo, sendo a arbitragem tão sofrível quanto o desempenho da equipe.
 

Atuações individuais:

Toninho Cecílio (4,0): Não sei se é pior ter um treinador que acredite em lendas urbanas ou alguém quem, em dois anos de carreira recente, tenha ficado nove meses sem atuar. A falta de critérios para a escalação, a insistência com peças que não vêm rendendo e a morosidade para tentar alterar o resultado de uma partida “fácil” fazem do “professor” o menos feliz da jornada. O futebol moderno pressupõe estudo, atualização, olhar coerente e o desapego com superstições ou opções equivocadas anteriores. Cecílio é mais um Fonseca, um Cavalo, um Macuglia e a meu ver, o comando de futebol paranista deveria limitar seu campo de ação, opção. Não é hora de trocar uma escolha mal feita mas sim de evitar que o dano aumente, intervindo.

Thiago Rodrigues (6,0): O melhor goleiro do elenco está entregue ao azar e às opções defensivas. Não teve culpa nos gols.
 
Ângelo (5,0): O garoto ainda não está pronto. Tem futuro mas por ora transmite insegurança, sofrendo com nervosismo e afobação, sendo ainda prejudicado pelas falhas dos colegas de defesa.

Amarildo (5,0): Mesmo com o gol que fez não pode ser escalado como titular. Falha recorrentemente e por vezes demonstra descompromisso.

Alex Alves (6,5): É o melhor nome da defesa Tricolor mas, pela pouca experiência, sente as falhas dos seus colegas de setor.

Fernandinho (6,5): Mesmo não na sua melhor jornada, roubou bolas, fez assistências e tentou empurrar o time à frente.

Vandinho (5,0): Nem parece o volante que bem atuou na França. Lento, não marca, furta-se a dar o bote, pouco ocupando espaços defensivos e atrasando praticamente toda transição que passa por si.

Ricardo Conceição (6,0): Atuou de forma tímida, nem perto de outras atuações.

Cambará (5,5): Pouco apareceu para o jogo.
Lúcio Flávio (6,0): Voltou a cadenciar demais a partida. Quando não está na sua melhor jornada a equipe sente.

Luisinho (5,0): Já é hora de deixar a titularidade. Há tempos não rende. Gosta de perder a cabeça e fazer faltas.

Arthur (5,5): Tenta, pelas poucas opções, atuar como referência mas não o faz. É mais um brigador que tenta ajudar o time fazendo o pivô mas não tem porte e força para tal.

Nílson (5,5): Atuou pouco, deu a impressão de algo poderia fazer mas não teve tempo.

Marquinhos (5,0): Prejudicado pelo pouco tempo em campo, nada fez.

Wellington (6,0): Entrou tarde, numa roubada e, quando entrou no jogo a partida acabou.
 

O que fazer?
 
Tenho a opinião de que para esta reta final a equipe precisa de segurança. Para isso, que se coloquem os melhores em campo, independentemente da opinião (ou má-vontade) de alguns.

Vejo a melhor formação paranista, hoje, como sendo: Thiago Rodrigues; Paulo Henrique, Anderson, Alex Alves e Fernandinho; Ricardo Conceição, Packer, Cambará, Wellington, Lúcio Flávio e Arthur.

Com mais gente povoando a meia cancha, pode-se jogar sem um cabeça de área propriamente dito. Assim, com mais toque, tende-se a melhor criar. Não há necessidade de dois atacantes, visto que não há um sequer que nessa posição esteja convencendo.

Caso um dos zagueiros citados não puder jogar, que entre o competente Alisson, ficando Rogério no banco para pegar ritmo aos poucos, sem ser jogado em nenhuma fogueira.

No ataque, talvez Nílson possa ter mais tempo de jogo. Lisa, pela experiência pode ser aproveitado como opção, até para preservar Ângelo, que demonstra ter futuro.

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