segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Atenção aos sinais

Sábado, última rodada da segundona. Ao paranista estava em jogo a permanência nessa divisão e a manutenção de sua dignidade. Acordo razoavelmente tarde e começo a ler sites de Curitiba e Bragança para estudar e preparar material para a partida de logo mais.
Ao retornar ao meu quarto um sinal que me desagradou: vejo que o vento encanado tinha derrubado, de cima do armário, o chapéu de cabeça da gralha paranista. Pensei comigo: “Não há de ser nada”.
Material pronto, banho tomado e chapéu de gralha recolhido, saio de casa e, a caminho da Vila, vejo um vendedor de jornais na esquina. Peço uma edição de “hoje” e o vendedor responde: “É o de amanhã”. Dou um sorriso amarelo e penso comigo: “Qual o compromisso com a informação de um periódico que vende, em pleno almoço de sábado, a edição de domingo?”. Normal para quem se importa mais com a venda de classificados e fazer política do que com o conteúdo.
Chego na Vila, litro de energético já pela metade, busco almoçar algo e parto para conversar com os colegas de imprensa e pegar as escalações. Planilha preenchida e, com fone e microfone a postos, testemunho algo que pensava já ter sido extinto do futebol: a armação do Bragantino para atrasar o início da partida, melancólica tentativa de se reviver o legado de Eurico Miranda: O goleiro Gilvan fingiu um mal-estar e partiu para o vestiário. Heros Saldanha, repórter da Rádio Paraná Clube, pressentiu algo e foi atrás. À porta do vestiário, presenciou cenas onde o goleiro ria, fingindo estar mal, com seus dirigentes irônicamente sorrindo e falando: “vá para o sacrifício, Gilvan”.
Malditos sinais! Jogo atrasado, manobra ridícula de cartola, goleiro encenando (e lamentável que um profissional se submeta à isso), chapéu de gralha caído, faixa de protesto na torcida. Só faltava a arbitragem ser tendenciosa, pensei. Quase acertei! Em dado momento da transmissão sugeri ao Heros que perguntasse ao árbitro se era ruim ou mal-intencionado.
Começa a partida. E se por um lado Édson Rocha não ganhava uma, por outro, Giancarlo seguia perdendo gols. Ontem foram dois de dentro da pequena área.
Quando todos os sinais conspiravam negativamente, os resultados passaram a garantir o tricolor na segundona e o time, apesar das notórias dificuldades, apresentava alguma entrega, com destacada atuação de Brinner.
O tempo foi passando e o placar de vitória tricolor foi construído. Nesse momento entendi realmente que nem sempre o que parece ser é: a artimanha do cartola “esperto” não funcionou, a péssima arbitragem não conseguiu prejudicar o Paraná, Édson Rocha não é zagueiro, Giancarlo não é atacante, o jornal de sábado é o de domingo e o Paraná não é time para passar por essa situação.
Apesar disso, alguns sinais devem sim ser observado pelos paranistas: o cartola de ontem precisa se reciclar; treinador decente é o que arma um time e não o que apenas escolhe as peças sob orientação de empresários e a chuva ao final da partida, serviu para lavar tudo o que de ruim pairou sobre o tricolor. O Paraná tem que aproveitar o tempo disponível para formar dois times, um para o estadual e outro para a segundona de 2012 e lutar para não mais ficar à mercê de tantas variáveis ou “vontades”. O Paraná precisa tomar as rédeas do seu futuro e se preparar para subir à primeira, tendo meios próprios de lá se manter, afastando empresários e aventureiros.

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