sábado, 11 de setembro de 2010

Paraná e Ponte Preta

Sete e meia da noite. Entro no carro, saio de casa, espero o portão fechar e me dirijo à Vila Capanema. Lá chegando, muitos guardas; torcida, mais até do que esperava. Após uma garrafa de litro de energético você fica impaciente para a partida começar. Vê as gralhetes, os amigos da imprensa, a própria equipe.
Aberta a jornada, ainda em seu início, após os comentários iniciais do Ayrton Assunção, Heros Saldanha se aproxima de Marcelo Oliveira e ele, para nossa alegria, declama que Kim e Murilo jogarão como alas de verdade.
Até duvidei disso no início mas, como não perco jamais as esperanças na redenção...
O Paraná começou maravilhosamente bem. Kim quase surpreendeu ao adiantado Eduardo Martini. O Paraná foi pra frente e, em seu terceiro ataque consecutivo e perigoso (aos 6’35’’), Murilo abriu o placar após jogada com boa participação de Kim.
Notícia essa quase tão boa quanto o segundo gol (24’00’’) que saiu em rara participação de Wanderson para Aquino.
A impressão que tivemos foi a de que o Paraná parou de jogar aos 35’00’’. Por algumas oportunidades a bola ou atravessava a área tricolor ou ficava “viva” dentro da mesma, tendo a intervenção salvadora ocorrida no último instante.
Dissemos na transmissão: “a zaga está se complicando”.
Não se precisava ser Bidú para perceber alguns pontos no que tange à forma de jogo paranista.
Qualquer time que joga pelos flancos e empurra seu adversário do seu campo, marcando a saída, compromete a qualidade de saída de bola do mesmo que passa a errar passes e abusar das faltas. Isso é básico no futebol.
Ainda antes do primeiro gol o tricolor adotou postura coletiva (não tática) de jogar pelos lados do campo, aproveitando-se pouco (após o segundo gol) do fato do lateral Gérson ter que abandonar o campo por lesão ainda no começo. Nesse momento, Moacir entrou bem, atuando pelo campo inteiro. Jorginho então orientou o pendurado Josimar para não subir muito, passando Guilherme para o lado direito, ficando Pirão protegendo Naldo e Leandro Silva.
Quando a Ponte encaixou a marcação, voltou a sair pro jogo e aí constatou-se que o Paraná Clube não apenas carece de orientação tática quando da posse da bola como, quando sem ela, alguns jogadores atuam mal-orientados.
Num sistema com três defensores e alas abertos, os volantes são fundamentais para a proteção não apenas da área como para a cobertura dos alas. O problema é que o homem-de-sobra tricolor (Diogo, que leva um cartão amarelo por jogo) ou estava num infeliz dia ou não sabe atuar dessa forma.
Após algumas “batidas de cabeça” defensivas, em jogada ensaiada (outra coisa que inexiste no Paraná) após batida de escanteio, os defensores “saem” ficando o homem-da-sobra de “mano” com o avante deles dentro da área. Giro feito, corte feito... chute inevitável.
Após o gol, o tricolor ainda algo tentou mas claramente demonstrava o golpe.
Na saída para o intervalo, Heros interpelou alguns jogadores que diziam que o time estava certo atrás e que o gol foi um deslize.
Aquino claramente sentia. Mesmo assim retornou. Mesmo com Bocão no banco(titular em algumas partidas no ano), Oliveira preferiu colocar o inacreditável Somália ao invés de assim proceder e recuar William a sua originária função. Depois na coletiva o treinador paranista “lavou as mãos” dizendo que era o que ele tinha, demonstrando preferir um atleta lesionado a colocar uma de suas opções. Pergunto: Na base paranista não existe ninguém num momento mais feliz que o Somália?
O que eram alas viraram laterais e o time do Paraná cedeu, como numa disputa por terra, seu campo ao oponente. Era flagrante a orientação do limitado Chicão de marcar individualmente, nem que para isso abandonasse sua posição. Detalhe: caberia à ele, Chicão, a cobertura por zona de Kim. Nesse momento, Jorginho demonstrou que não à toa tem um time com pretensões de subir mesmo sem estrelas e, com um atacante a mais (Kieza, bom jogador), empurrou o tricolor a ponto do volante Guilherme, improvisado, na direita, entrar por três vezes na área paranista.
Com alas que não atacavam, Wanderson perdido e sem ânimo na segunda etapa; Chicão abandonando o posto e uma sobra que ia pro combate, o gol da equipe de Campinas foi inevitável, tendo ocorrido aos 60’00’’ (15’).
A partir desse momento o colapso defensivo paranista era mais do que evidente e por uma felicidade a partida acabou empatada.
O embate entre o Paraná Clube e a Ponte Preta pode servir como uma bela lição sobre os pontos fortes e fracos do tricolor. Como ponto forte, mesmo sem um treinador de primeiro nível, seu limitado elenco pode, atuando responsavelmente, sem medo de jogar feio, atacando pelos flancos sem desguarnecer a proteção a zaga, vencer qualquer oponente da divisão que disputa. Como ponto fraco, sem empenho dos atletas, já que não conta com uma supervisão tática e nem peças adequadas, pode sucumbir a qualquer time de sua divisão.
O Discurso de Oliveira na coletiva é o do“Pilatos politicamente correto”. O treinador que não vibra e, com mãos aos bolsos, inerte, vê sua equipe tomar uma virada em casa, alega “não ter peças”, que “faz o que pode com o que lhe dão” e que “cada um tem que assumir a culpa como parte do grupo.
Ao enxugar gelo diante dos microfones, Oliveira esquece que cabe ao ofício de treinador, orientar taticamente sua equipe além do que se faz formalmente. Olvida-se Oliveira de que a saída de bola é requisito tático básico para melhorar o ataque; ao apresentar a grande maioria de saídas do ataque para a defesa em saídas diretas de seu arqueiro, a equipe fica refém da segunda-bola, que não se tem com um armador que não se movimenta taticamente e com um volante que fica na “individual”, ainda mais com dois “alas” e um na sobra.
Um time que se preza tem que ter repertório, por mais limitado que seja e não pode apostar na loteria de um rebote ou erro adversário; prova disso é que, o time, quando sai pelos flancos, complica seus também frágeis oponentes.
Não pensem que sou crítico ferrenho de Oliveira. Discordo apenas de sua visão em alguns pontos. Vendo os últimos treinadores que passaram pelo Paraná, facilmente constatamos que seus aproveitamentos importavam na ordem de vinte e cinco a trinta e cinco por cento de aproveitamento de pontos. Oliveira veio com 55%. Mais que seus antecessores, menos do que suficiente.
Esse é o Paraná de 2010. Suficiente para não cair, longe de estar apto para subir. Um time de cinquenta, cinqüenta e cinco por cento no máximo. Para subir uma equipe precisa de mais de sessenta por cento de aproveitamento de pontos.
Entendo que para o Paraná é melhor um Oliveira doutrinado, receptível a constatações do que outro aventureiro com aproveitamento da ordem de vinte por cento de aproveitamento de pontos. Entendo que a troca, nesta temporada, não seria em nada salutar.
O campeonato de pontos corridos é, na verdade, o de pontos não-perdidos. Pontos perdidos não poderão mais ser recuperados. Logo, nessa conta, pode-se dizer que o tricolor ganhou os seis que disputou contra o Ipatinga (duas vitórias), mas perdeu cinco para um adversário direto (Ponte Preta). Diante do frágil Santo André, saberemos quais as reais pretensões paranistas.
Acredito que apenas uma postura compromissada com a causa poderá permitir que o tricolor retorne à elite do futebol ainda nesta temporada. A cada rodada vejo escapar pontos irrecuperáveis, muitas vezes de forma inacreditável.
Entendo o discurso “oficial” mas não tenho como, com esse, coerentemente concordar. O tricolor tem recursos limitados. Tem sim, é fato. Mas ignorar que seu comando passa pelas mesmas limitações é oficializar o politicamente correto, coisa que o torcedor e o cronista responsável não pode jamais fazer.
O Paraná já teve outros tempos difíceis e elencos também limitados mas encontrou formas de fazer esses times jogarem. A concepção tática de 2006 era um exemplo disso e, sem armador, Barbieri (com um elenco melhor que o atual, é verdade) conseguiu montar uma equipe que saía pelos flancos, com forte proteção à zaga até por liberar seus alas. Nesse time, um dos volantes saía alternadamente e se aproximava da frente. Assim, Barbieri montou o campeão estadual e deu a base para a classificação da Libertadores.
Lembrei-me, na coletiva de Oliveira, de uma recorrente frase dum filme nacional antigo: “O mineiro só é solidário no câncer”. Torço para que a solidariedade com a causa tricolor não venha apenas em momentos irreversíveis, mas sim ainda durante a luta. Ainda restam cinqüenta e um pontos a disputar!

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Segundo turno como o primeiro?

O fato do Paraná ter finalizado o primeiro turno de 2010 em melhor posição do que em 2008 ou 2009 está longe de ser um alento ao torcedor paranista. Na presente temporada, muito se comemorou o primeiro lugar do tricolor na “parada da Copa”, no entanto, o Paraná não manteve a toada, caindo vertiginosamente, afastando-se do G-4.
Nas sete primeiras partidas o líder Paraná conquistou 15 pontos em 21 disputados, obtendo 71,43% de aproveitamento de pontos, índice maior do que o atual líder, o Figueirense, com 63%.
O problema é que o rendimento do tricolor despencou e, nas doze partidas seguintes, dos trinta e seis pontos disputados, apenas conquistou nove pontos, conquistando, após a “parada da Copa” apenas 25% dos pontos, rendimento inferior ao do lanterna Ipatinga, próximo adversário paranista, a quem o tricolor superou por 3 a 0 na partida inaugural do certame.
De líder na primeira fase ao aproveitamento de lanterna, viu-se o tricolor assolado por problemas internos, culminando com a saída de titulares como João Paulo, Gílson e Marcelo Toscano.
O site www.chancedegol.com.br diz que o Tricolor tem apenas 0,02% de chances de título, 4,4% de retornar à primeira divisão e 4.8% de ser rebaixado, logo, as chances de novamente disputar a segundona em 2011 são da ordem de 90,18%.
Em 2008 e 2009 os últimos do G4 foram, respectivamente, o Barueri (63p) e o Atlético-GO (65p) e, a cair, Marília (45p) e Juventude (44p). Como ainda faltam dezenove partidas, dos cinquenta e sete pontos em disputa, o tricolor precisaria conquistar quarenta e um pontos, ou seja, vencer todas as nove partidas que fizer em casa (21p) e somar vinte pontos (em dez partidas, vencer seis e empatar duas) fora, onde tem seu pior desempenho.
Caso se mantenha a regra dos últimos anos, para subir o tricolor só pode perder três partidas devendo não empatar nenhuma e vencer as demais, precisando fazer um segundo turno muito melhor que o primeiro, o que não ocorrerá com os invencionismos de Marcelo Oliveira e muito menos, com novo treinador que poderá tardar obter resultados. Por isso, voto pela responsável intervenção do departamento de futebol do tricolor no trabalho do treinador.


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