sábado, 14 de junho de 2008

A "boleirização" do que existe

O verbete “boleiro” não se encontra nos mais tradicionais dicionários da língua nacional, no entanto, todo e qualquer brasileiro sabe bem o que significa.

“Boleiro” é aquele que gosta de futebol, é profissional do esporte ou atua como tal, ou mesmo, em sentido negativo, quem deturpa o esporte, praticando o mesmo sem qualquer compromisso com os fundamentos inerentes, enfim, aquele que finge ser algo que não é.

Alguns (e me incluo entre eles) gostam de utilizar as palavras em sentido figurado; dessa forma, temos que o verbete “boleiro” pode ser, pejorativamente utilizado em uma série de oportunidades.

Nessa linha, o político que faz dois hospitais com o dinheiro de quatro, é um “político-boleiro”. O dirigente que só pensa em seu ganho, decorrente de ato de gestão, pelo desvio da função, pode também ser um “boleiro”.

O torcedor que não vive seu time, mas que reclama de tudo, na mesma senda, é tão “boleiro” quanto o cidadão que só se lembra ser brasileiro a cada quatro anos (e não me refiro nas eleições, mas sim na Copa do Mundo), o qual não cobra dos políticos atos para melhorar a sociedade, sendo que muitas vezes, sequer se lembra em quem votou.

A “boleirização” está devidamente instaurada, aliás, institucionalizada no nosso país!

Lembremos que números demonstram que mais de cinco mil jogadores brasileiros (independentemente de nível) estão atuando fora do país desde 2005. Isso importa no triste (e lamentável) fato de que, com elencos de trinta atletas cada, temos mais de oito divisões inteiras mais seis times jogando fora do país.

Com esse número de jogadores atuando fora, poucos são os futebolistas de qualidade atuando no futebol nacional. Hoje temos, inclusive, claros exemplos de atletas de dezoito anos, líderes e “esperanças” de seus times em campo, questionadíssimos por não dominarem fundamentos básicos inerentes à posição em que atuam.

Muitos dos atletas de hoje, pela conjuntura, pela “exigência do mercado” são “boleiros”. O futebol brasileiro está “infestado de boleiros”. “Dirigentes-boleiros”, “jornalistas-boleiros”, “técnicos-boleiros”... Qualquer um, com coragem (ou oportunidade) de exercer alguma atividade, pode fazê-lo pelo fato do crivo popular ser de tão baixo comprometimento (e capacidade de análise) que ninguém mais tem o direito divino de opinar sobre nada, sob pena de, ao fazê-lo, ser veementemente questionado ou até criticado por simplesmente emitir sua personalíssima opinião.

Vivemos num mundo politicamente correto e por isso, “chato” demais. Hoje tomam as opiniões contrárias como sendo críticas pessoais. Não mais se pode questionar nenhum fato ou mesmo apresentar, isentamente, números, constatações ou argumentos, que os “boleiros de plantão” (vergonhosos e cientes de sua situação, mas sem comprometimento com a mesma), inssurgem-se, contra quem tem algo a dizer.

A apatia social, o medo de ser “excluído” por não concordar com o ocorre, compromete o simples externar de opinião, e com isso, os “pensantes” preferem resignar-se ao ponto de permitirem que tal caos se perpetue, calando-se, compactuando com a aludida “boleirização”.

Um exemplo do que cito são as entrevistas em qualquer esfera ou situação. Seja essa de desportista, de comentarista ou de político. As pessoas hoje falam o que os outros querem ouvir, “jogam para a galera” ao invés de externar o que pensam, de fazer valer sua personalidade. O “ser político” foi determinado como sendo o modelo a ser obedecido. As pessoas hoje não mais tem o “direito” de ter, ou de externar sua personalidade.

Se Garrincha não tivesse personalidade, não teria entrado para a história com seus dribles. O Mane seria ele, não os oponentes, desconcertados por seus dribles. Se Maradona não fosse irreverente, a Argentina teria ido para as penalidades contra a Inglaterra. Nessa senda, os escritores seriam meros relatores, não sonhariam, não fantasiariam, não compartilhariam seus pensamentos, suas idéias.

A “boleirização” de tudo de conhecemos é a meu ver, a forma mais vil de resignação, seja política ou social.

Ora, que adianta falar, trazer os fatos e não indicar, ao menos um norte, um possível caminho? Imagino que as pessoas deveriam fazer questão de demonstrar, de externar a sua personalidade, seus pensamentos, sua própria opinião. Acredito pessoalmente que, quando todos entenderem que é preferível ser a melhor pessoa “possível” a, simplesmente, mais um resignado (alguém da mutidão, do cinza, sem nada a dizer, preferindo, às vezes, nada pensar), as coisas podem começar, mesmo que lentamente, a mudar.

Gosto de utilizar o futebol como fonte de comparações sociais, aliás, na atual sociedade, que outra fonte seria de tão fácil assimilação para a maioria?

Divaguemos num exercício meramente imaginativo para tentar visualizar o que tento demosntrar. O Brasil, seleção mais vitoriosa no futebol, perdeu recentemente para a Venezuela por dois a zero num amistoso. Em dezessete confrontos entre ambas, a seleção nacional (que marcou setenta e oito vezes e sofreu apenas em cinco oportunidades) jamais tinha sido derrotada pelos “vino tinto”. Mas perdeu, e com os jogadores que hoje atuam nos melhores times do futebol internacional.

Claro que, nos confrontos diante de Paraguai e Argentina, o Brasil é e sempre será “Brasil”, mas, é este atual (ou não) um Brasil “boleiro”?! E o fato, o reflexo desse “ser boleiro” tem quais conseqüências práticas?

Como analisar as conseqüências sem verificar as causas? Hoje vivemos de “imagem”. As pessoas, como dissemos, em sua maioria, preferem ser “politicamente corretas” a ter “personalidade”. É melhor para a “venda”, para o “balcão de negócios” que se transformou o futebol, ser um “artista da bola”, um “malabarista”, do que efetivamente um jogador de verdade, objetivo, eficaz, comprometido com sua profissão.

Atualmente parece ser “vergonhoso” ser um “carregador de piano”, por mais que isso seja o máximo que alguém com muito esforço possa vir a ser. É melhor que se busque fingir ter uma habilidade, mesmo que inócua, a realmente trabalhar, praticar fundamentos, demonstrar seu “eu”, sua “personalidade”.

E assim os “boleiros” vão se multiplicando em todas as esferas. E como se conhecem, interagem, ocupam cada vez mais o espaço de profissionais de verdade, amparados por estratégias de marketing que levam o cidadão comum acreditar naquilo que sabem não ser verdade. Mas o conformismo e o sentimento de impotência em algo mudar se fazem cada vez mais presente na população e assim, sempre esperamos um “salvador”, alguém que faça por nós o que nos recusamos, comodamente, a fazer.

Não precisamos ir muito longe para constatar o aqui citado. Claro que muitos verão estas linhas como sendo uma visão pessimista mas, ao analisarmos friamente veremos que no futebol, na política, na sociedade, na “falta de valores”, nas ruas, enfim, nos tornamos, resignadamente (infelizmente), reféns daquilo que assumimos como máxima para nossa sociedade e com isso, cada vez mais, interessantes personalidades vão se resignando, deturpando o foco, permissivamente aceitando uma sociedade de mentiras, de embustes, de “boleiros”.

_________________________________
Acompanhe também meu trabalho em:
http://falandocomastorcidas.blog.terra.com.br
http://bolaredonda.blog.terra.com.br
http://bolaredondabrasil.blogspot.com
http://www.futebolpr.com.br
http://www.paranautas.com
http://www.radioparanaclube.com.br

Resumo da ópera

Como resumir a participação paranista na atual temporada? Claro que poderia enveredar na senda de apresentar até uma análise subjetiva, questionando o planejamento "do ano", ou mesmo a escalação de determinados jogadores... no entanto, até porque diz a máxima que "contra fatos não há argumentos", limito-me a elencar que:

1 - O Paraná Clube está atualmente na vice-lanterna da segundona, com quatro pontos;

2 - O Paraná Clube ainda não venceu na "série B", portanto, na eventualidade de precisarmos de "critério de desempate", está o tricolor, em desvantagem diante de seus concorretes;

3 - Pela campanha, o tricolor tem apenas 22% (vinte e dois por cento) de aproveitamento dos pontos disputados;

4 - O Paraná Clube tem a sétima pior defesa (nove gols sofriodos) na competição (até a última rodada o tricolor tinha a segunda pior defesa);

5 - O Paraná Clube (que não fez gol na última rodada) segue com o segundo pior ataque (cinco gols marcados) na sua divisão, à frente apenas do ataque do lanterna América de Natal. A situação é tão preocupante que NENHUM atleta tricolor marcou mais do que uma vez.

Isto posto, é necessário comentar que certos jogadores insistem em ser escalados? Se um "xodó" de quem comanda aparece em todas as escalações e se os números não agradam, como se justifica a manutenção da orientação, da filosofia, ora... dessa "escalação"?

A próxima partida do tricolor da Vila Capanema será nos seus domínios, dia 20.06, às 20hs30, diante do ABC de Natal, time que está na parte de cima da tabela de classificação.

O que esperar dessa partida?

Os números elencados apenas refletem aquilo que se planeja, que se trabalha, que se faz (ou não) durante a semana. As recorrentes justificativas sobre ausências no Departamento Médico, falta de jogadores no mercado, enfim, tudo aquilo que se utilize como argumento de defesa sobre a presente situação pode, de acordo com a orientação individual ou do ponto de vista, ser acolhido, no entanto, lá estarão os números para refletir, sem ranços subjetivos, a atual realidade, por mais cruel que ela seja.

Se os números que o time consegue com seu trabalho são "mentirosos", qual é a atual "verdade" em que se encontra o Paraná Clube?

_________________________________
Acompanhe também meu trabalho em:
http://falandocomastorcidas.blog.terra.com.br
http://bolaredonda.blog.terra.com.br
http://bolaredondabrasil.blogspot.com
http://www.futebolpr.com.br
http://www.paranautas.com
http://www.radioparanaclube.com.br

Brincadeira tem hora

Uma música popular diz que “brincadeira tem hora”, nada mais que a verdade. Na semana passada ironizei trazendo “manchetes inventadas” que poderiam estar nos periódicos mas que, na verdade, tinham diferente sentido.


Na senda daquela “brincadeira”, a manchete desta semana sobre o Paraná poderia muito bem ser “Tricolor invicto desde a segunda rodada”; nada além da verdade, afinal, o Paraná não é derrotado desde a partida em Marília.


Mas também não vence!


Reflitamos, pois, como o ponto de vista é importante quando se aborda qualquer fato. Os defensores da “situação” levantam a bandeira de que o Paraná não perde há quatro rodadas; já, os mais coerentes (sem fundamentações ideológicas), limitam-se a mostrar a tabela com o Paraná ainda na zona de rebaixamento (sem vitória), elencando o pífio percentual de aproveitamento de pontos, os gols sofridos e os não marcados.


Disso decorre um fato interessante: aqueles que não concordam com a atual situação por elencar fatos, fundamentos e números, são tidos como “inimigos” por quem defende a manutenção do atual sistema de gestão, o mesmo que “derrubou” o tricolor e que é incapaz de fornecer as condições para que o mesmo apresente um time competitivo, com algum padrão razoável de jogo.


Mas quem é o real “inimigo”? Aquele que se limita a apresentar os lamentáveis números ou quem brinca de fazer futebol, tendo outros focos nas suas ações?


Brincadeira tem hora! O torcedor paranista está cansado de que olhem para o “futebol” com desdém. Sempre existem justificativas para o erro mas, qual a mais adequada para aquele que insiste em manter compromisso com o equívoco?


É hora de seriedade, de trabalho, de comprometimento, de profissionalismo e o mais importante, de responsabilidade para com os torcedores, com os sócios, com a entidade Paraná Clube.

Brincadeira, amigos, tem hora!



FORÇA TRICOLOR!

_________________________________
Acompanhe também meu trabalho em:
http://falandocomastorcidas.blog.terra.com.br
http://bolaredonda.blog.terra.com.br
http://bolaredondabrasil.blogspot.com
http://www.futebolpr.com.br
http://www.paranautas.com
http://www.radioparanaclube.com.br

domingo, 8 de junho de 2008

Manchetes possíveis

Como o ponto de vista, o foco, são importantes para tudo na vida. Sexta-feira, antes das partidas válidas pela quinta rodada do Brasileirão, algumas manchetes poderiam estar estampadas na mídia: “O Paraná é o Fluminense da segundona”; ou, “Paraná tem ataque superior ao do São Paulo” e “Comissão técnica paranista dá entrevista disputadíssima”.

Na primeira manchete o paranista gostaria que fosse sobre ao desempenho em campo, em alusão à final da Libertadores ou à vitória sobre o Boca Jrs., no entanto, isso poderia ter ocorrido porque naquele momento ambos eram lanternas de suas divisões.

A segunda manchete não corresponderia ao costume do paranista acostumado em ver ambos tricolores na mesma divisão, mas sim ao fato do São Paulo ter feito até então dois gols, um a menos do que o Paraná.

A terceira manchete poderia ocorrer em caso de bela campanha tricolor onde todos os jornalistas estariam ávidos para levar ao torcedor informações sobre a campanha invicta, sobre a boa fase, e não para testemunhar uma crise.

Atualmente as manchetes sobre o Paraná não são muito alentadoras, ao contrário, os números do tricolor refletem a falta de zelo, cuidado e atenção com a entidade, com o time, com o sócio, o torcedor.

Muito disso vai da covardia de quem pode informar de direito e não o faz, por se contentar com migalhas e favores. A imprensa séria, isenta e correta tem que mostrar aos torcedores e à população, o que a falta de transparência em atos diretivos não faz. Ao menos, os números não mentem e não há como ignorar a lamentável realidade tricolor que só mudará, talvez, na próxima eleição paranista.

Mas tem quem defenda a atual realidade, afinal, não houve sequer oposição e os mesmos se perpetuaram com outras cores mas claro, é tudo uma questão de ponto de vista.

FORÇA TRICOLOR!

_________________________________
Acompanhe também meu trabalho em:
http://falandocomastorcidas.blog.terra.com.br
http://bolaredonda.blog.terra.com.br
http://bolaredondabrasil.blogspot.com
http://www.futebolpr.com.br
http://www.paranautas.com
http://www.radioparanaclube.com.br