Próximas na tabela, as equipes iriam a
campo esperando igualdade. Os mandantes esperavam um resultado positivo e
assim superar o Tricolor diante de uma inexistente torcida enquanto os
visitantes tinham a tarefa de voltar a Curitiba ao menos com um empate, o
que lhes garantiria seguir adiante do oponente.
Alguns fatos são recorrentes no
futebol, dentre eles as idiossincrasias sistemáticas dos “professores”.
Ao verificar a escalação inicial de Cecílio, já vi que coisa “boa” não
viria, ao menos para o Paraná. Antes de iniciar a transmissão pela Rádio
Paraná Clube, ouvi de outros colegas em “abre-jogo” que a explicação
dada por Cecílio para a escalação de Amarildo era a de que dois
zagueiros canhotos não poderiam jogar juntos. Besteira, lenda sem
fundamento científico, fato incabível no futebol profissional.
Ângelo até pode ter futuro mas, no
momento, até pela inexperiência, vem se afobando e errando muito seja na
frente como atrás. Se erra na frente, falta um matador, uma referência
para corrigir; atrás, depende de seus pares para ter segurança e, na
jornada, os mais próximos eram Amarildo e Vandinho, talvez as duas
maiores insistências do atual treinador paranista. Não entendo como
Paulo Henrique não é titular nem como Lisa não está sempre no banco mas,
como parte da torcida não gosta desses atletas, melhor para alguns até
correr riscos e quem sabe, queimar o garoto. Tenho que Paulo Henrique
ajuda muito na cobertura, sempre salvando o Zagueiro Central. Nem todos
concordam.
Nesse momento fiquei preocupado e
indaguei Aírton Assunção (nosso comentarista da Radio Paraná Clube) se
não era perigoso ter um treinador que acreditasse em lendas urbanas
aplicadas ao futebol. O temor inicial acabou por se confirmar mais cedo
do que esperávamos mas, como sempre, vem ocorrendo; o que é indício de
que algo está errado e devem ser tomadas providências.
O árbitro trilou o apito, a partida
começou e, a exemplo do que disse no último raio-X, o Paraná demonstrou
ser uma equipe que segue roteiros à risca.
Enquanto os times ainda se estudavam, os
mandantes levantaram a bola dentro da área paranista e os três
mosqueteiros do lado direito se complicaram como prevíamos. Assim,
Toninho Marvadeza (é, aquele mesmo...) cabeceou e abriu o placar aos 4
minutos.
O gol, como sempre, parece ter fervido o
sangue da equipe paranista e, após melhorar, em lance onde Fernandinho
pela direita, cansou de cruzar para ver se alguém faria algo, o
inacreditável Amarildo empatou aos 9 minutos.
Nesse momento (como sempre, aliás) o
Paraná passou a ter mais posse e deu a impressão de que resolveria a
partida até na primeira etapa mas então, novamente, quando melhor em
campo, o sistema defensivo Tricolor falhou e sofreu novo gol de
“Marvadeza” aos 15.
Embora com mais posse e escanteios que o
adversário, o Paraná seguia sem agredir, falhando ora no último passe,
ora refugando as poucas oportunidades de finalizações. Com a vantagem no
placar, o Boa limitava-se a explorar os contra-ataques.
No primeiro tempo, cabe ressaltar ainda
que não fora marcada uma penalidade cometida por Radamés quando, dentro
da área, colocou a mão na bola.
Na primeira etapa (onde ninguém ficou
impedido) o Tricolor cometeu menos faltas (5) que o Boa (8); teve
aparentemente mais posse de bola, superando o adversário em escanteios
(9 a 4) mas perdeu em finalizações (5 a 3), o que demonstra que a equipe
paranista sabe ficar com a bola mas não consegue criar oportunidades
claras e finalizar com perigo.
Veio o intervalo e o Paraná parecia
melhor que o oponente. Tal sentimento perdurou por quase toda a segunda
etapa mas, como sempre, a areia da ampulheta paranista se esvaía e nada
da equipe conseguir converter as oportunidades em gols apesar de sua
frágil e aparente supremacia.
Inexplicavelmente Toninho sacou
Fernandinho do time. Não que Wellington não devesse estar na equipe,
aliás, acredito que o meia canhoto deve ser titular no lugar de um dos
avantes que nada produzem.
Nílson (que entrou no lugar de
Cambará) até que apresentou alguma vontade mas nem Arthur como seu
substituto Marquinho, conseguiram algo produzir. A se destacar, a
morosidade em Cecílio em promover alterações, tentar mudar o panorama da
partida.
Novamente a torcida teve a impressão de
que a equipe poderia reverter o placar quando bem entendesse mas, como
sempre, nada ocorreu e o segundo tempo acabou como começou, mesmo tendo o
Tricolor feito menos faltas (6 a 7) e finalizado mais (6 a 4). As
equipes acabaram essa etapa com seis escanteios e um impedimento cada.
Novamente cabe ressaltarmos que o trio
de arbitragem furtou-se a marcar penalidade cometida sobre Alex Alves.
Aliás, da arbitragem, apenas pode-se destacar o par de pernas de Lilian
da Silva Fernandes Bruno, afinal, a partida era fácil mas ficou difícil
exatamente porque o trio, e principalmente o comandante Marielson Alves
Silva, não se impôs.
Em resumo, foi um embate como muitos
outros do Tricolor no ano. Uma escalação com pontos a ser questionados
onde falhas ocorreram nos setores onde pairavam interrogações. Falhas
defensivas precoces fizeram a equipe correr atrás do resultado e, quando
consegue a igualdade, perde força, relaxa, falha e sofre outro gol, do
qual não conseguiu se recuperar porque o treinador alterou errado,
tardando em fazê-lo, sendo a arbitragem tão sofrível quanto o desempenho
da equipe.
Atuações individuais:
Toninho Cecílio (4,0):
Não sei se é pior ter um treinador que acredite em lendas urbanas ou
alguém quem, em dois anos de carreira recente, tenha ficado nove meses
sem atuar. A falta de critérios para a escalação, a insistência com
peças que não vêm rendendo e a morosidade para tentar alterar o
resultado de uma partida “fácil” fazem do “professor” o menos feliz da
jornada. O futebol moderno pressupõe estudo, atualização, olhar coerente
e o desapego com superstições ou opções equivocadas anteriores. Cecílio
é mais um Fonseca, um Cavalo, um Macuglia e a meu ver, o comando de
futebol paranista deveria limitar seu campo de ação, opção. Não é hora
de trocar uma escolha mal feita mas sim de evitar que o dano aumente,
intervindo.
Thiago Rodrigues (6,0): O melhor goleiro do elenco está entregue ao azar e às opções defensivas. Não teve culpa nos gols.
Ângelo
(5,0): O garoto ainda não está pronto. Tem futuro mas por ora transmite
insegurança, sofrendo com nervosismo e afobação, sendo ainda
prejudicado pelas falhas dos colegas de defesa.
Amarildo (5,0): Mesmo com o gol que
fez não pode ser escalado como titular. Falha recorrentemente e por
vezes demonstra descompromisso.
Alex Alves (6,5): É o melhor nome da defesa Tricolor mas, pela pouca experiência, sente as falhas dos seus colegas de setor.
Fernandinho (6,5): Mesmo não na sua melhor jornada, roubou bolas, fez assistências e tentou empurrar o time à frente.
Vandinho (5,0): Nem parece o volante
que bem atuou na França. Lento, não marca, furta-se a dar o bote, pouco
ocupando espaços defensivos e atrasando praticamente toda transição que
passa por si.
Ricardo Conceição (6,0): Atuou de forma tímida, nem perto de outras atuações.
Cambará (5,5): Pouco apareceu para o jogo.
Lúcio Flávio (6,0): Voltou a cadenciar demais a partida. Quando não está na sua melhor jornada a equipe sente.
Luisinho (5,0): Já é hora de deixar a titularidade. Há tempos não rende. Gosta de perder a cabeça e fazer faltas.
Arthur (5,5): Tenta, pelas poucas
opções, atuar como referência mas não o faz. É mais um brigador que
tenta ajudar o time fazendo o pivô mas não tem porte e força para tal.
Nílson (5,5): Atuou pouco, deu a impressão de algo poderia fazer mas não teve tempo.
Marquinhos (5,0): Prejudicado pelo pouco tempo em campo, nada fez.
Wellington (6,0): Entrou tarde, numa roubada e, quando entrou no jogo a partida acabou.
O que fazer?
Tenho
a opinião de que para esta reta final a equipe precisa de segurança.
Para isso, que se coloquem os melhores em campo, independentemente da
opinião (ou má-vontade) de alguns.
Vejo a melhor formação paranista,
hoje, como sendo: Thiago Rodrigues; Paulo Henrique, Anderson, Alex Alves
e Fernandinho; Ricardo Conceição, Packer, Cambará, Wellington, Lúcio
Flávio e Arthur.
Com mais gente povoando a meia
cancha, pode-se jogar sem um cabeça de área propriamente dito. Assim,
com mais toque, tende-se a melhor criar. Não há necessidade de dois
atacantes, visto que não há um sequer que nessa posição esteja
convencendo.
Caso um dos zagueiros citados não
puder jogar, que entre o competente Alisson, ficando Rogério no banco
para pegar ritmo aos poucos, sem ser jogado em nenhuma fogueira.
No ataque, talvez Nílson possa ter
mais tempo de jogo. Lisa, pela experiência pode ser aproveitado como
opção, até para preservar Ângelo, que demonstra ter futuro.
http://www.radioparanaclube.com.br
http://www.bemparana.com.br
http://www.paranautas.com
http://www.bolaredondabrasil.blogspot.com